Tu
Que me acolheste quando eu me sentia pequena, muito pequena, diante do tamanho do mundo e dos meus próprios sonhos.
Tu
Que sempre me faz rir ao pensar que falas o mesmo idioma que eu e, ainda assim, constantemente precisamos de tradução.
Tu
Que me transformaste numa ponte transcontinental, transoceânica.
Tu
Que presenciaste quando tirei as rodinhas da bicicleta que me levou pra ver o mundo por mais de 10 anos. Uma mulher adulta que nunca tinha vivido sem rodinhas? quem diria…
Tu
Que mostraste que família é construida de amor e não apenas pelos laços de sangue. E me deu uma família cheia de amor no outro lado do oceano. E me mostrou também que amor é sempre amor, mesmo que mude, mesmo que um ciclo se encerre.
Tu
Que me apresentaste pessoas que mudaram completamente a minha vida
Tu
Que me viste mudar completamente e deixar florescer em mim cravos vermelhos de uma das maiores revoluções da minha vida
Tu
Que levou parte do meu coração pra que eu pudesse viver a calmaria, pra que eu pudesse viver sem medo. Fez meu coração desacelerar e minha mente aquietar.
Tu
Que me fez entender que nunca estive sozinha, nunca ando só. Me fez ver a força que mora na minha cabeça e no meu coração. Me mostrou uma fé que nem era tua, pra que eu entendesse que, sim, vai chegar meu dia percorrer esse caminho perfumado de alecrim e alfazema.
Tu
Que me acolheste quando precisei me reerguer e me mostraste que nem terremotos, nem tsunamis ou incendios de proporções monstruosas podem destruir completamente a essência da gente. Sempre dá pra recomeçar de novo.
Tu
Que também já me trouxe desassossego, medo, angustia, por sentir que talvez quisesses me ver partir pra nunca mais voltar porque eu não era mais bem-vinda.
Tu
Que foi alento e descanso. E nas vezes em que eu segui meu impulso de ir e ir e encher meus olhos de mundo, era pra ti que eu sempre voltava.
E agora quando me perguntam
“Voltarias pra ele, se ele te pedisse?”
A única coisa que posso dizer é:
Como posso NÃO voltar pro país que me proporcionou os anos mais transformadores da minha vida? Voltaria sim, um dia eu volto.
Obrigada por esses 6 anos, Portugal.
Obrigada por me transformar nessa ponte
Obrigada por ser mais um lugar nesse mundo pra chamar de casa, pra chamar de meu.