
Num desses dias estranhos, em que esqueço o tamanho da minha coragem ou o quanto já caminhei, fiz um resumo mental das minhas análises e anotei em um papelzinho, como lembrete, uma das coisas mais bonitas que alguém já me disse:
“Tu és muito boa em lidar com o real, muito boa em transformar dor em outra coisa. Mesmo num período difícil como esse, com tanta coisa dolorida pra processar, tu encontras espaço pra rir da vida.
O processo de passar por isso tudo e sentir tudo que tu sentes é solitário, sim, e é só teu, mas tu não estás sozinha. Tens companhia, tens colo. Tô te dizendo isso porque tu precisas saber, até pra não cair no padrão de sentir que não é suficiente, que não vai dar conta.
Tu sabes lidar com coisas difíceis e não tenta fugir delas. Encaras a dor, a angústia, o sentimento de desamparo, então crias algo novo. Faz parte de ti, da tua construção, reverbera na tua arte. Isso é muito bonito. Só precisas lembrar que tu nunca estás sozinha nesse caminho.”
Agora sempre que a ansiedade se instala e me faz sentir que meus pulmões são balões cheios demais, eu paro. Respiro fundo mais uma vez. Solto todo o ar. E em seguida repito o que ela me disse: eu sou boa em lidar com coisas difíceis, eu não fujo nem me escondo da dor. Não estou sozinha ♥️ E aí sinto meu coração quentinho, a coragem que vive em mim ganha força e eu volto a acreditar que tudo vai passar. Porque posso usar o medo como força motora pra seguir em frente ao invés de deixar que ele me paralise. Pode estar tudo um caos agora, e tá tudo bem não estar tudo bem. A gente continua caminhando, com medo mesmo, até o cenário mudar. ♥️