Ciclos

Me via andando em círculos e, ao reciclar o caminho chegando ao início mais uma vez, sentia uma mistura de alívio, alegria e desespero. Aprendia coisas novas sempre que o ciclo se renovava, mas remoía medos antigos toda vez que recomeçava o aprendizado.

O trajeto era o mesmo e isso às vezes era tedioso, mas muito confortável. Eu notava uma árvore que nunca tinha reparado, descobria uma nova habilidade que nem sabia que tinha e pessoas novas passavam por mim, mas eu conhecia a estrada e sabia exatamente por onde passar pra não me machucar.

Perto do fim do ciclo que vivo agora, descubro que vou mudar de rumo. A alegria de não andar mais em círculos é proporcional ao frio na barriga, porque mesmo caminhando de olhos bem abertos, não consigo mais enxergar o que vem depois da próxima curva.

Acabei me dando conta que o que aprendi repetindo trajetos foi importante para me preparar para andar por lugares desconhecidos e trilhar uma trajetória maior, mas, mesmo assim, é estranho não saber direito onde pisar. Sair da zona de conforto é incrível, mas também é assustador.

Florianópolis, 17 de dezembro de 2017.

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