Não vou soltar tua mão
Lembrei do dia que li meia duzia ou mais de textos meus e tu fechavas os olhinhos prestando atenção. Te dei um livro sobre escrita afetuosa, pra você ver que sabia escrever também. Tempos depois chegou na minha casa uma carta escrita à mão e com letrinhas miudinhas que encheram meus olhos d’água e eu pensei: meu Deus! Que sorte eu tenho!
Eu tenho mesmo muita sorte de cruzar com pessoas incríveis nesse mundo e ter amizades maravilhosas… mas tu… tu me pegaste pela mão quando eu andava num caminho meio torto e cheio de pedras sem saber direito o que fazer e disse: “tá tudo bem, eu vou contigo e não vou soltar tua mão”.
Quando eu achava que ia dar tudo errado, que eu não ia dar conta sozinha de todas as coisas que precisava, que o que eu sabia fazer talvez não fosse suficiente pra segurar as pontas, tu me fizeste parar e olhar pra trás: “Viu o bom trabalho que você fez até agora? Você consegue. E eu não vou soltar tua mão”.
Esses dias você me disse que eu tinha incentivado algumas mudanças na tua vida, e eu fiquei feliz por isso, mas tu sabes muito bem que nenhuma dessas mudanças foi mérito meu.
Amizade é sobre troca. É sobre crescer e aprender junto. É sobre ser escuta e incentivo quando a vida tá virando do avesso, quando as mudanças empolgam a gente mas ao mesmo tempo dão um medo gigante. É mudar junto, em algumas dessas vezes. Em outras, é ser aquele empurrãozinho que faltava pra gente pular na direção do que deseja e teme. Ou acalmar quando o medo é grande demais.
Se uns meses atrás alguém me dissesse que um dia eu ficaria no telefone contigo pra te lembrar de respirar durante uma crise de ansiedade, eu acharia no mínimo improvável. Mas eu tava lá, tentando te lembrar que a tempestade passa, que o sol volta, e que fica tudo bem.
Eu sei, tenho sorte demais nessa vida e as letrinhas miudinhas na carta que chegou na minha casa são prova disso também. Mas eu quero que tu saibas que eu ainda tô aqui pra te lembrar de respirar sempre que for preciso, e que não vou soltar tua mão.
