Faíscas

Uma fagulha de vida nova brilhava aqui dentro e eu juro, até cheguei a pensar que pudesse não ser só por minha causa. Por um tempo senti que as pessoas ao redor tinham notado isso também, apesar de nunca terem conhecido minha vida antiga.

Mas ninguém ou nenhuma outra situação foi responsável por nada disso. Seria injusto colocar um peso tão grande nas costas de alguém que não fosse eu. Injusto principalmente comigo, porque fui eu que bati pedra com pedra por anos a fio buscando faíscas. Fui eu que me abracei e me acolhi quando sentia que era pura pólvora. Fui e sou sempre eu que absorvo a maior parte das minhas próprias explosões. Explosões estas que, quando reverberam no mundo externo, é porque dentro de mim já é impossível desviar dos destroços.

Acho que todo aquele caos direcionado era só um lembrete de quem eu fui e poderia voltar a ser. E voltei.

Aquelas pessoas não me conhecem. Não ainda. O que conhecem é uma versão que existiu só numa realidade paralela e confusa. Talvez um dia me conheçam de verdade, mas pra ser sincera eu não sei se isso importa.

Porque uma fagulha de vida nova brilha aqui dentro e só o que quero agora é fazer essa pequena chama nunca mais deixar de arder.

Porto, maio de 2023.

Previous
Previous

Eu sou muitas

Next
Next

Até mais, e obrigada pelos peixes! - minha experiência na Piscine da 42 Porto